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A campanha eleitoral de 2018 ainda não terminou e já possui uma vencedora: as fake news. O pleito desse ano é objeto de análises de diversas áreas do conhecimento em uma tentativa de compreender o fenômeno da disseminação das notícias falsas e seu poder de convencimento do eleitorado. Muitas variáveis precisam ser consideradas, e como os meandros da construção dessa indústria de produção de conteúdo ainda não estão completamente explicitados, os estudos sobre o caso brasileiro estão inconclusos.

Contudo, precisamos lembrar que as fake news não são uma novidade: a dissimulação, a desinformação, a mentira e a tergiversação foram práticas muito comuns da mídia, de forma geral, mas ganharam outras dimensões com a “democratização” da produção da informação e a circulação quase instantânea por meios de aplicativos de comunicação em tempo real.

Ontem, o Supremo Tribunal Eleitoral tomou a decisão de retirar do ar links e vídeos que faziam referência ao “Kit Gay”, como pejorativamente ficou conhecida a iniciativa do Ministério da Educação de elaborar o projeto “Escola sem Homofobia”. Na época em que o projeto foi lançado, em 2011, a repercussão negativa no Congresso fez com que a então presidenta Dilma Rousseff vetasse sua continuidade. Ou seja, ainda que o Caderno de Atividades do “Escola sem Homofobia” possa ser tranquilamente acessado através de uma busca na internet – e conhecida as discussões que propõe sobre gênero e sexualidade – nenhuma escola brasileira recebeu o material ou implementou o projeto, porque ele nunca foi aprovado. Os falseamentos sobre o dito “Kit” começaram, então, em 2011, e, como se tornou uma pauta de discussão durante as eleições de 2018, o TSE foi obrigado a intervir. No entanto, a intervenção no debate, ainda que restrita ao período eleitoral, não se deu tarde demais? Será que a velocidade de disseminação dessas informações não atropelou o tempo da justiça? Será que as instituições jurídicas estão preparadas para respostas rápidas e contundentes frente a mentiras que podem influenciar não apenas os resultados eleitorais, mas o próprio desenvolvimento do processo eleitoral? Afinal de contas, também circularam falsas informações sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

Independentemente de como as instituições reagirão ao fenômeno das fake news, outros profissionais terão que se dedicar a compreender a crença na informação falsa. Ainda que diversos dados de realidade sejam apresentados às pessoas, há uma nítida preferência por informações que corroborem o que pensam e o que sentem. É a época da pós-verdade, palavra eleita pelo Oxford Dictionary como a palavra do ano de 2016, e que fala justamente dessa crença motivada pela emoção, mais que pela razão.

Reafirmo o dito no título desse artigo e na primeira linha desse texto: as eleições de 2018 possuem uma vitoriosa, e ela não é a democracia. Onde há fake news, não há democracia. O direito à informação e o direito à verdade sempre deveriam prevalecer.