Após uma série de reformas em suas instalações, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo inaugurou no começo de agosto seu primeiro banheiro unissex. Ao anunciar a novidade nas redes sociais, cujo objetivo é contemplar a diversidade de sua comunidade universitária, foi aplaudida por alguns e criticada por outros. A instituição ressaltou que o banheiro não é direcionado para nenhum público específico, mas sim, de uso comum.

Post na página da PUC-SP
Reprodução/Facebook

Diversos veículos de comunicação publicaram matérias sobre a iniciativa, reunindo opiniões de especialistas a favor e contra a medida.

O jornal paranaense Gazeta do Povo, por exemplo, trouxe a opinião da médica americana Elizabeth Lee Vliet, que estuda o assunto. De acordo com o jornal, a médica diz que “os banheiros e vestiários “neutros” – que podem ser frequentados indistintamente – representam um grande perigo, já que não apenas transgêneros acabam fazendo uso: são frequentes os casos de homens mal intencionados que entram em ambientes antes exclusivamente femininos, em episódios de atentado ao pudor, assédio sexual, pedofilia e estupro.”

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Reprodução/Gazeta do Povo

A opinião da médica, além de bem controversa, pressupõe que os banheiros unissex seriam direcionados para transexuais, mas a própria universidade deixa claro que o sanitário não é direcionado para o uso de um público específico.

O G1, por sua vez, não trouxe opiniões de “especialistas”, mas sim um enfoque para o debate nas redes sociais e relembrou que a questão já foi objeto de polêmica no Estados Unidos, quando o governo Barack Obama, por meio dos Departamentos de Justiça e Educação, estabeleceu no ano passado diretrizes detalhadas para garantir o acesso de estudantes transexuais aos banheiros de escolas públicas. A decisão foi posteriormente revertida por Donald Trump.

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Reprodução/G1

A discussão sobre os banheiros da PUC-SP, iniciada na postagem original do Facebook, continuou também nos comentários da notícia, trazendo, na sua maioria, manifestações de ódio e falas que demonstram o pouco respeito e empatia da sociedade brasileira com as minorias. Houveram tentativas de retomar o bom senso:

Comentários

A revista Veja também noticiou a novidade, trazendo o posicionamento de alguns estudantes sobre o tema, como o da estudante de Letras Beatriz Frade Inácio, de 21 anos, que afirma ter lido comentários negativos à iniciava nas redes sociais. “São de meninas que ficaram com medo de assédio, mas a maioria aprovou.

 

 

Reportagem
Reprodução/Veja

 

Já o Nexo aprofundou mais o debate:

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Reprodução/Nexo

Além de trazer questões históricas que levaram à separação sexual de banheiros públicos com base no estudo de Terry Kogan, professor da universidade de Utah, intitulado “Sex-Separation in Public Restrooms: Law, Architecture, and Gender” (Separação sexual de banheiros públicos: Lei, arquitetura e Gênero, em tradução livre), o jornal buscou apresentar as razões de se reivindicar a criação de banheiros unissex no século 21, explicando o que é identidade de gênero com base no infográfico abaixo:

Identidade de gênero
Créditos: Nexo

O conceito de identidade de gênero ainda gera dúvidas para os brasileiros, e sua compreensão é essencial para evitar que pessoas adotem posicionamentos rasos e se limitem a proferir discurso de ódio em casos como este.

A repercussão foi tanta que o assunto tomou alguns minutos do Jornal Nacional, que foi ao campus saber a opinião da comunidade universitária, entrevistando alunas, alunos, a reitora, Profa. Dra. Maria Amalia Andery, e o professor do curso de psicologia, Alexandre Saadeh, que destaca: “As novidades, especialmente nas questões de sexo, gênero e comportamento sexual assustam muito ainda. Mas aos poucos vai se acostumando à essa convivência, porque é só um banheiro. Não tem nada de tão assombroso assim.”

 

Enquanto a reportagem passava na televisão, o debate aqueceu no Twitter:

Veja alguns dos comentários com mais interações no post original:

Num mundo ideal, à nenhuma universidade…

Sobre bons conceitos…

Pois é…