Ilustração: Paola Hiroki

O mundo revolucionou-se com a internet e com as mídias sociais, impactando fortemente a forma por meio da qual consumimos informação. Além de compreendê-lo, é preciso acompanhá-lo, parte por parte. Criar uma nova cultura, novas linguagens, novos conteúdos, que tenham como objetivo fornecer ferramentas para que o cidadão possa usufruir plenamente da sua liberdade de expressão.

Alfabetização de novo tipo, a educação midiática reconhece a tendência atual de convergência entre rádio, TV, internet, jornais, livros, arquivos digitais, bibliotecas e todas as formas de mídia em uma única plataforma. E reconhece mais: a necessidade de dar ferramentas para que os usuários possam separar na internet o que é opinião, fato, reportagem, conteúdo patrocinado e, principalmente, notícias falsas.

A educação midiática não é só um imperativo da realidade atual. Ela faz parte de uma tendência que se afirma e se torna inescapável a cada dia.  Se faz necessária em todas as idades, mas principalmente entre crianças e adolescentes. Por motivos, essenciais e interligados, os mais jovens precisam aprender a diferenciar conteúdos, saber distinguir o que é opinião, o que é matéria jornalística e o que é propaganda, ou seja, precisam ser educados para desenvolver o necessário hábito da leitura crítica de todas a mensagens a que são expostos diariamente.

Inicialmente definida como a capacidade de utilização na vida quotidiana de competências, tais como a leitura e a escrita, o conceito de educação midiática diversificou-se nas últimas décadas, em resposta às mudanças sociais e tecnológicas, reforçando as características de competência, reflexividade e como instrumento de formação de jovens cidadãos, como afirmou a Comissão Europeia, em 2007, ao reconhecer a educação midiática como um elemento de aprofundamento da democracia e a defini-la como “a capacidade de acessar informações, de compreender e de avaliar de modo crítico os diferentes aspectos dos meios de comunicação e dos seus conteúdos e de criar comunicações em diversos contextos”.

A educação midiática envolve, ainda, outros aspectos, como a capacidade de ler o mundo, obter e selecionar informação, aferir a sua qualidade e pertinência, mas também conhecer e compreender procedimentos técnicos de direcionamento da informação por meio de algoritmos e big data.

Embora discutida há mais de quatro décadas e de fazer parte de currículos em escolas e universidades na Europa e nos Estados Unidos, a educação midiática no Brasil é uma novidade e um grande desafio para um país que ainda lida com problemas de alfabetização e qualidade de ensino.

Agora é preciso encarar este desafio e contribuir para o avanço do modelo de ensino, modernizando sua política e práticas e introduzindo a educação midiática nos currículos e disciplinas escolares. São iniciativas-chave. O aluno não é mais um receptor passivo. Ele se vê diante de muitas ideias e possibilidades. Precisa dialogar. Esclarecer dúvidas. Ser participativo. Ter autonomia e voz. Desenvolver o necessário hábito da leitura crítica de todas as mensagens às quais é exposto diariamente, em qualquer tipo de mídia. Ou seja, ser educado para se tornar um cidadão preparado para exercer a sua liberdade e cidadania.

Na sociedade da informação, a educação midiática é o caminho seguro para apoiar o diálogo e a compreensão entre as pessoas. É um pré-requisito decisivo para o acesso igualitário à informação livre, independente e plural. Ou seja, a educação midiática é a educação para os tempos digitais.